segunda-feira, 21 de maio de 2012

MUITA ÁGUA TIROU ESTE CALDEIRÃO

FONTANÁRIO ALDEIA DA LUZ

 

CASTRO VERDE

FONTANÁRIO MOURA


FONTE MONSARAZ


POEMA DE ROSA HELENA MOITA...DE BERINGEL



Dois compadres se encontraram
E logo ali começaram
A falar das suas dores,
Diz um: eu não ando bêi?
_ Atão, mas atão o que têi?
Nã trago nenhuns valores.

_ Atão e eu, atão eu!
Com uma dor que ma praceu
Cá na parte das cadeiras,
É uma dor duma figa
Que me vai dreto à barriga
Tem sido, grandes canseiras.

_ Atão, já foi ó dator?
_ É cá já fui sim senhor,
Mas nã agarri a vez:
Vô pra lá de madrogada
Mas não me serve de nada
Já lá ando há más dum mês?

Já tumi tantas mézinhas
Que me deram as vizinhas
Mas nã me dê resoltado?
Pois o meu é outro mal
Í delas nã é egual
Inda tenho piorado.

Sacaso nã mengano
Uma vez esperi um ano
E nã havia maneira
Cmó tempo foi passando
Eu acabei me curando
Com uma mezinha caseira.

Vomecei, lembra-se bêi,
Do meu primo que Deus têi?
Há anos tá entarrado
Pois esse pobre rapaz
Que tinha feto uma anaz
Vê-lhe agora o resoltado.

Por só agora chigar
Foi-se a viúva quexar
À Caxa de Previdência
Que já nã era preciso
Quele foi pró paraíso
Por lhe faltar assestência.

Uma por tar mal desposta
Inda lhe deu por resposta
Que ele é que foi apressado
Quem é cu mandou morrer
Sem premero vir a saer
Qual seria o resoltado?

_ Oi lá, mas você tá vendo,
O que tá acontecendo!
É cá ainda nã vi disto?
Mas que coisa tã mal feta
Vai um homem pró maneta
E inda fica mal visto?

Paga a gente um denherão
E chegando a ocasião
Ir lá é tempo perdido
Sa gente se quer mostrar
Vai ó dator a pagar
Sé que quer ser atendido.

Compadre ê vô dabalada
Ca conversa nã dá nada
Nã passa de lenga-lenga
Quer isto mude ó nã mude
A respeito de saúde…
É sempre a mesma moenga?


E esta? De: Rosa Helena Moita – Beringel- Beja

quinta-feira, 17 de maio de 2012


O Cante a Baldão


    O cante ao baldão sempre foi um cante das barracas das feiras ,aquelas celebres barracas com quatros paus e umas cordas para esticar a lona, onde se bebia um copito de branco ou tinto ou cálice de medronho,durante dois ou três dias ali se esgremiam argumentos e ali se despicavam horas e horas a fio ao som da campaniça ,numas autenticas maratonas de resistencia,só os melhores ficavam para o fim ,um cantor que que se prezasse nunca abandonava o cante a meio para não ficarem dizendo que tinha medo ou se acabaram as cantigas ,os cantores não se conheciam,viam-se na maior na maior parte dos casos de ano a ano numa feira qualquer ,e se tinham deixado algum assunto pendente no ano a seguir voltavam lá para acertar as contas,«no cante claro« quando aparecia algum moço novo a pedir se o deixavam cantar ,deixavam.no entrar mas era logo posto á prova pelos mestres ,e se não dava a medida «como se dizia« tinha que abandonar o cante,mas acontecia muitas vezes que o candidato a cantor,era dos que dava a medida e por vezes quem levava a tareia era algum dos mestres mais atrevidos ,os tempos mudaram o baldão foi perdendo o fulgor o seu ambiente natural foi acabando ,as tabernas as feiras tradicionáis tudo isso mudou a vida evluio de tal forma que as pessoas foram saindo da sua terra para ir trabalhar e residir noutras paragens no final dos anos setenta já não se ouvia o baldão nos anos oitenta com o aparecimento da rádio castrense do programa património ,e graças ao trabalho do dr José Francisco Colaço Guerreiro e á força de vontade do grande mestre da viola campaniça Manuel Bento e ao grande cantor António josé Bernardo o baldão renasceu e revigorou muitas vezes se juntaram á volta de uma mesa 25 ou 30 cantores ,aos poucos a roda foi encurtando naturalmente,os mais velhos foram ficando pelo caminho e infelizmente alguns ainda muito novos igualmente desaparecerame muitos ainda novos foram perdendo o gosto pelo cante neste momento as rodas do baldão não vão alem de uma duzia ,há tempos dizia.me um homem de certa idade que« o baldão irá morrer quando os cantores da corte malhão deixarem de cantar« não aparecem jovens para fazer a renovação e o final anunciado tem a sua razão de ser,isto tudo vem a baila para dizer o seguinte no passado dia treze na feira de Garvão quando se preparavamos para iniciar o cante eis que aparece um moço circundando a mesa pediu se podia cantar logo lhes foi indicado um lugar na mesa que por acaso ficou ao meu lado esquerdo ,nieguem o conhecia nunca o tinhamos visto,quando chegou á vez dele cantou uma bela cantiga e outras se seguiram o jovem cantou e encantou é dono de3 uma excelente voz faz o timbre do baldão muito bem e cantou lindas cantigas até sabe cantar bem a despique chama-se VITOR PALMA mora no lugar de Fontes Ferrenhas um aglomerado pupolacional do concelho de Almodovar em plena serra do caldeirão ficamos maravilhados afinal ainda há moços que sabem cantar ao baldão e gostam de cantar como eu tenho vindo a dizer o baldão não se ensina e não se aprende a unica coisa que se pode fazer é procurar que os jovens tomem o gosto por isto, já agora também quero aqui fazer referencia ao facto de os dois tocadores de viola que estavam a acompanhar estavam-no a fazer pela primeira vez dois jovens, o ANDRÉ GERALDO de Ourique e o CARLOS ANTÓNIO de Entradas.   Autor:  Manuel Graça